Maio de 2012 tornou-se um marco na vida do caboverdiano António Joaquim dos Santos, mais conhecido por Toy Djack.
Aos 80 (oitenta) anos este Saonicolauense nascido na pacata aldeia da Ribeira Prata consegue realizar um sonho desejado há décadas; – lançar um álbum.
A paixão de Toy Djack pela música, em especial pela tradicional caboverdiana, vem dos tempos dos gira-discos. Mas o sonho foi ficando adiado porque o sustento do lar falava mais alto.
A vida daquele que é o homem caboverdiano mais velho a lançar o primeiro CD teve muitos obstáculos mas também muitas alegrias. Nascido numa família com poucos recursos, que vivia de agricultura e numa ilha pobre e sem condições de ensino, uma das alternativas era emigrar.
Aos 22 anos deixou pela primeira vez a sua terra. Foi trabalhar nas Roças de São Tomé, onde permaneceu oito anos seguidos.
Com trinta anos partiu como emigrante para Holanda. – De novo o dilema de querer ficar, mas ter de partir. Ir mais uma vez para a “Terra Longe” significou deixar Armanda, a sua noiva.
Os barcos de mercadorias holandeses que viajavam pelo mundo inteiro foram o seu posto de trabalho como Cozinheiro durante trinta anos. Durante esse período Toy Djack conheceu muitas terras diferentes da sua Ribeira Prata.
A saudade de Armanda e dos sete filhos concebidos nas intermitências do regresso à pátria estava sempre presente.
Em 1992, após ter atingido a maior parte dos seus objectivos de vida, regressou à terra para usufruir da reforma junto da mulher e dos filhos. Quis o destino que esse período de plena felicidade junto dos que mais amava durasse apenas quatro anos. Em 1996 a mulher adoeceu, tendo a vir a falecer em 2002.
O refúgio de Toy Djack passou a ser Ribeira Prata. Aqui pode colher a inspiração para escrever e compor as suas canções.
Uma das principais faixas do seu “Paraíso Escondido”, intitulada “Bô era tudo na nha Vida” é dedicada ao Amor. Uma morna repleta de emoções, de bem querer e de saudade.
O Álbum “Paraíso Escondido”, um projecto acarinhado durante quase de uma década, saiu finalmente da incubadora. Uma prova de perseverança, determinação, gratidão e amor à terra que o viu nascer.